Relato de parto da Bruna, nascimento da Carol

por | nov 26, 2021 | Relatos de Parto

Não há como falar do nascimento da Carol sem contar um pouco da minha história.


Eu fui um bebê com gestação saudável e considerada “normal”, sem riscos. Na hora do parto, até hoje não se sabe ao certo o porque, tudo mudou. Eu quase morri, tive apgar 1/2/3, nasci sufocada, fiquei sem oxigenação no cérebro por um período considerado longo e fui transferida às pressas para outro hospital com UTI neonatal.
Lá permaneci por dias lutando pela minha vida. Alguns médicos já até haviam dito aos meus pais que não dava mais, mas aqui estou eu.


Pois bem, passei a vida me perguntando: “como ia parir, se nem sangue eu conseguia tirar”. Era isso que eu dizia de mim.

Fiz acompanhamento psicológico constante com duas psicólogas ao longo da gestação, fui me fortalecendo, me informando, assistindo vídeos, me familiarizando.
De uma coisa eu tinha certeza: eu não queria ir para o hospital. Como eu teria forças pra ter um parto normal eu ainda não sabia. Mas confiei no processo e me joguei! Eu estava decidida a mudar a minha história.
Durante o processo, me acostumei com as desconfianças de todos – como uma mulher de 1,53, 46kg, considerada “fraca”, vai parir sem cesárea? Ninguém acreditava, mas me tratavam como: “ta bom, ta bom, vai lá. Quando chegar no hospital avisa”.


A ideia de um parto na casa de parto causava pavor nos meus pais. E se a Carol precisasse de UTI? Acredito que o processo da minha gestação tenha sido também difícil para eles. Era a história se repetindo…
Porém, eu criei uma imensa confiança na equipe e, por consequência, eles também. Alias hoje são fãs de carteirinha da Luz e da Bia.


Ao final da gestação eu tinha certeza: queria um parto natural humanizado. Eu iria lutar por isso.
E aí o processo começou.

Foram 10 dias de pródromos arrastados e doloridos. Contrações ritmadas madrugadas a dentro, de 3 em 3 minutos, alarmes falsos. Chegamos a ir para a casa de parto, passamos a madrugada lá, fizemos até descolamento de membrana, mas o trabalho de parto não engrenava. Quando chegava a manhã, tudo parava. Saímos da Luz sem a Carol. Que frustração! Essa parte não estava no “script”. Aí começou uma luta mental contra a ansiedade.
Eu coloquei uma meta: iria esperar até 41 semanas! Meus pais já estavam com medo de esperar mais. E se eu estivesse fazendo mal para a bebê? Talvez eu não fosse entrar em trabalho de parto mesmo… ah, as crenças! Nesses momentos falam mais alto que todas as horas de estudo.


O Wagner, meu marido, que grande companheiro e apoiador, jamais duvidou da minha força, e me dava todo suporte, me pedia calma, me mostrava que tudo ia acontecer na hora certa.
Alguns dias se passaram, sessões de acupuntura, dores, contrações, noites em claro. Carol completava 40 semanas e 1 dia, era 09.12.2020, que começou diferente: contrações ritmadas e fortes desde as 11h da manhã, e dessa vez elas não pararam mais.


A Bianca nos acompanhou em casa, dessa vez era real, o trabalho de parto havia começado! Eu ainda com medo de ser mais um alarme falso, falava pra ela: Bia, não me deixa voltar pra casa sem a Carol de novo, promete?
Ela ficou conosco em casa até as 18h, quando fomos para a casa de parto, já com as contrações muito fortes e regulares há aproximadamente 7 horas.


Lá chegando foram horas de um sentimento de alegria recoberto de dor, MUITA dor. Era real! Carol estava chegando ao mundo. Banheira, banhos, óleos essenciais, massagens, gritos, MUITOS gritos! Eu me entreguei, literalmente me despi, fiquei ali, conectada com o processo.


Porém, após mais 05 horas na casa de parto, no exame de 00h constatamos que eu estava com 05cm de dilatação. E eu já estava há 13h em trabalho de parto. Eu não queria desistir, mas a dor e o cansaço físico e mental eram demais. Eram dias e dias de dor com os pródromos, eu estava no limite.


Decidi pedir analgesia, e, para isso, teria que ir para o hospital. Mas na hora, em transe, com uma dor nunca antes experimentada, eu queria muito ir pro hospital!!! Não pensei em nada. Apenas gritava pra me levarem.
Daquele momento até a chegada no hospital parecia que tinham se passado milênios. Andar de carro em pleno processo de trabalho de parto ativo não é uma boa experiência…


Na maternidade, acompanhada da dra. Renata, do dr. Juliano e da Bianca, começamos um novo capítulo.
Cheguei implorando por analgesia (eu, que tinha pânico de agulha). Eu estava com tanta dor que sonhava com aquela agulha entrando! E quando tomei, lembro-me de ter falado: porque vocês não me falaram pra tomar isso antes? Isso é a melhor coisa do mundo!!! E comecei a rir!


A analgesia, que dura 01:30h, me deu força para continuar. Aproveitei o ânimo e, com o auxílio de toda a equipe, que trabalhou de forma maestral na condução do processo, fiz vários exercícios: rebolava, agachava, andava de cócoras, e chegamos em 07cm. Estava quase lá!


A analgesia passou. Lá veio aquela dor de novo, e eu me desesperei! Agora estava perto, mas eu não suportava mais a dor. Pedi mais um pouco de analgesia, e a equipe pedia calma, eu ja estava quase no expulsivo! Nunca esqueci esse momento: eu que odeio olhar nos olhos das pessoas, lembro de ter olhado profundamente pra Renata e falado: por favor, me da mais analgesia, eu não aguento mais.


A equipe monitorava a todo o tempo os batimentos da Carol, que subiam e desciam, mas ainda em faixa aceitável.
Mesmo sabendo que aquela decisão podia me custar meu parto normal, ela acatou, me respeitou, e assim fizemos. Mas ela tinha razão. Aquela analgesia adicionou mais 1:30h de trabalho de parto, pois eu não conseguia fazer o expulsivo sem sentir a pelve.


Logo que a a algesia passou, reuni tudo o que ainda tinha, e foquei. Era a hora. Vem Carol!! Ela vinha e voltava, descia e subia, e eu urrava, em um processo visceral. Tocava em sua cabecinha e pensava: ela está aqui, eu vou conseguir.


Senti claramente o chamado “circulo de fogo” e arde mesmo! Lembro que nessa hora pensei: agora já era, ela tem que sair!!E aí, às 05:48h do dia 10.12.2020, depois de mais de 18h de trabalho de parto, ela veio. Nós conseguimos filha!

Que sensação única, maravilhosa, de empoderamento, de força, de alívio!
Logicamente, quando me dei conta de onde estava e o que eu tinha feito, pedi: alguém pega a Carol aqui por favor, e desmaiei! Risos. Hoje, revendo fotos, filmes, e lembrando desse dia, tenho a certeza de que nossa história já estava traçada. Ela era a cura que eu precisava! Começamos na casa de parto para realizar meu sonho, e terminamos no hospital para reescrever minha história.


Filha, o seu nascimento mudou a minha vida, a minha visão sobre mim mesma, a minha história e me transformou em uma nova mulher.Você me fez mãe, e uma mãe é capaz de qualquer coisa por um filho.De uma coisa eu tenho certeza, a Bruna que acordou no dia 09.12.2020 não existe mais, a Carol nasceu e eu renasci.


Ao Wagner, sou só agradecimentos! Ele que esteve ao meu lado durante todo o processo, sem duvidar em nenhum momento, com a certeza da minha força, apoiando minhas escolhas. Sendo amoroso, carinhoso, e tendo recebido a Carol no mundo, em seus braços. Não havia lugar melhor para ela chegar!

Por fim, gostaria de deixar a minha eterna gratidão a toda a equipe da Luz de Candeeiro e da Livre Maternagem. Obrigada por tanto amor, respeito à minha história, acolhimento, paciência. Sem vocês nada disso seria possível! Vocês fazem parte da minha história pra sempre.


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