Bebê pélvico, o que significa?

por | jul 27, 2023 | Cesariana, Parto humanizado

O parto é uma etapa significativa na jornada da maternidade, podemos dizer que é a porta de entrada para esse novo momento de receber mais um integrante na família. À medida que a data se aproxima, surgem diversas questões, inclusive sobre a posição do bebê dentro do útero.

Nas últimas semanas da gestação, o bebê normalmente se move para que sua cabeça fique voltada para baixo, para sair da vagina primeiro durante o parto. Isso é chamado de apresentação cefálica. A apresentação cefálica é a mais comum e favorável para um parto vaginal bem-sucedido.

A capacidade de um bebê se mover para a posição cefálica, com a cabeça voltada para baixo, varia de uma gravidez para outra e pode depender de diversos fatores, como o espaço disponível no útero e a posição específica do bebê. Geralmente, a maioria dos bebês realiza essa virada até a 36ª semana de gestação.

Mas o bebê também pode se apresentar em posição pélvica quando suas nádegas, seus pés ou ambos estão para baixo, no lugar para sair primeiro durante o nascimento. Isso acontece em 3 a 4% dos nascimentos a termo.

Quais são possíveis motivos do bebê estar em apresentação pélvica?

Nem sempre se sabe por que um feto se apresenta nessa posição, mas de acordo com o ACOG (Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia) alguns fatores podem contribuir para que um feto esteja em uma apresentação pélvica, dentre eles:

  • Se a mulher já teve uma apresentação pélvica em gestação anterior;
  • O fato de haver mais de um feto no útero (gêmeos);
  • Se há muito ou pouco líquido amniótico;
  • O útero que apresenta crescimentos anormais, como miomas;
  • A placenta que cobre toda ou parte da abertura do útero (placenta prévia);
  • O feto é prematuro.

Ocasionalmente, fetos com certos defeitos congênitos não ficam de cabeça para baixo antes do nascimento. No entanto, a maioria dos fetos em apresentação pélvica é normal.

Como saber a posição do meu bebê?

Durante o pré-natal, a (o) profissional que está te acompanhando fará o exame físico, palpando sua barriga e, por meio dele, é possível identificar a posição da cabeça do bebê, suas costas e nádegas, definindo assim a apresentação fetal, se pélvica ou cefálica. Caso seja necessário, o exame de ultrassom pode confirmar isso.

O que fazer se o meu bebê estiver pélvico?

A partir da 36ª semana de gestação, é menos provável que o bebê mude de posição, mas ainda é possível que isso ocorra em alguns casos.

Os guias de grandes instituições de saúde como ACOG (Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia) (LINKAR https://www.acog.org/womens-health/faqs/if-your-baby-is-breech ) , O RCOG (Royal College of Obstetricians and Gynaecologists) (LINKAR https://www.rcog.org.uk/guidance/browse-all-guidance/green-top-guidelines/management-of-breech-presentation-green-top-guideline-no-20b/ ) e CONITEC (Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS) (LINKAR https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2016/relatorio_diretrizes-cesariana_final.pdf) recomendam que profissionais que atendem parto ofereçam para as mulheres um procedimento chamado Versão Cefálica Externa (VCE). De acordo com o protocolo do ACOG mais da metade das tentativas de VCE são bem-sucedidas. No entanto, alguns fetos que são virados com sucesso com a VCE voltam para uma apresentação pélvica e, se isso acontecer, a VCE pode ser tentada novamente. Essa manobra tende a ser mais difícil de fazer à medida que a hora do nascimento se aproxima, pois o feto cresce e assim há menos espaço para ele se mover.

Clique aqui e assista um vídeo o qual a Médica Renata Reis (CRM/DF: 15.599) fala um pouco sobre parto pélvico!

Possíveis riscos do Parto Pélvico:

A principal preocupação com o parto pélvico é a possibilidade de complicações durante o nascimento. Estudos têm demonstrado que o parto pélvico vaginal está associado a maiores taxas de lesões perineais, traumas no bebê e dificuldades respiratórias pós-parto em comparação com o parto cefálico. Há também um risco aumentado de prolapso de cordão umbilical, que pode ser uma emergência obstétrica que requer intervenção imediata.

Outra questão relevante é a necessidade de procedimentos médicos adicionais para auxiliar no parto pélvico. Esses procedimentos podem aumentar ainda mais o risco de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê.

Benefícios do Parto Pélvico:

Embora o parto pélvico vaginal do bebê pélvico apresente riscos, existem benefícios potenciais associados a esse tipo de parto. Alguns estudos indicam que o parto pélvico pode ser uma opção segura para mulheres com gravidez de baixo risco e com gestações únicas.

Além disso, a recuperação após o parto pélvico vaginal é mais rápida em comparação com a recuperação de uma cesárea. Menor tempo de hospitalização e menos riscos associados à cirurgia são aspectos positivos que algumas mulheres consideram ao optar por um parto pélvico vaginal.

Tomando Decisões Informadas

O citado documento do ACOG (veja nas referências), informa que o parto pélvico vaginal pode ser sim uma opção viável, considerando as evidências atuais, desde que a/o profissional saiba prestar assistência a esse parto com o bebê sentado e que a mulher consinta com o procedimento, após receber informações detalhadas sobre riscos e benefícios.

Tanto o parto vaginal quanto a cesariana apresentam certos riscos quando o feto é pélvico. Embora alguns estudos tenham demonstrado um pior desfecho para os bebês nascidos em apresentação pélvica, principalmente em relação a necessidade de reanimação ou internação em UTI neonatal, as evidências recentes demonstram que a longo prazo não há diferença entre as crianças nascidas por parto vaginal ou cesariana. Estes riscos podem ser significativamente reduzidos quando o parto acontece em posição vertical, é assistido por um profissional experiente, e em unidade hospitalar com protocolos bem definidos.

Há milhares de cesarianas desnecessárias que acontecem atualmente no Brasil e temos contribuído com a desmistificação de vários motivos que explicam esse fenômeno. Contudo, é importantíssimo que se entenda que o movimento de humanização do parto não visa de forma alguma incentivar o parto normal nas pontuais situações em que uma cesariana pode ser desejável e indicada.

Dessa forma, a decisão sobre a via de nascimento em um caso de posição pélvica deve ser tomada **de forma individualizada e bem informada.**Sendo crucial que as mulheres discutam suas opções com suas equipes de saúde e obstetras, considerando seus antecedentes médicos, condições da gestação e preferências pessoais.

Referências:
Hopkins, L., Esakoff, T., Noah, M. et al. Outcomes associated with cesarean section versus vaginal breech delivery at a university hospital. J Perinatol27, 141–146 (2007). https://doi.org/10.1038/sj.jp.7211615

Hannah, Planned caesarean section versus planned vaginal birth for breech presentation at term: a randomised multicentre trial. October 21, 2000. DOI:

Planned caesarean section versus planned vaginal birth for breech presentation at term: a randomised multicentre trial

The American College of Obstetricians and Gynecologists. If Your Baby Is Breech, 2019.

If Your Baby Is Breech

Glezerman M. Five years to the term breech trial: the rise and fall of a randomized controlled trial. Am J Obstet Gynecol. 2006;194(1):20-25. doi: 10.1016/j.ajog.2005.05.055

Royal College of Obstetricians and Gynaecologists https://www.rcog.org.uk/guidance/browse-all-guidance/green-top-guidelines/management-of-breech-presentation-green-top-guideline-no-20b/

Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2016/relatorio_diretrizes-cesariana_final.pdf

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