O Papel da Enfermeira Obstetra ou Obstetriz no Parto

por | out 17, 2023 | Gestação, Luz de Candeeiro, Parto humanizado

Por mais que a medicalização do parto ainda faça as mulheres acreditarem que este é um evento altamente perigoso, que necessita de muitas intervenções médicas, viemos aqui para te dizer que segurança e satisfação não estão relacionadas à hipermedicalização do parto!

É fundamental que as gestantes entendam sobre os cenários possíveis do parto, bem como quais profissionais que tem habilitação para acompanhá-las neste processo. E, nesse âmbito, precisamos falar mais sobre enfermeiras obstetras e obstetrizes.

É seguro ter um parto com enfermeiras obstetras ou obstetrizes?

Como Renata Reis (CRM/DF: 15.599, médica ginecologista/ obstetra e uma das fundadoras da Luz de Candeeiro) muito bem diz neste vídeoTodos os partos precisam de uma enfermeira(o) obstetra ou obstetriz, mas nem todos os partos precisam de médico.

Desde 1990, os países que foram mais bem-sucedidos em reduzir a mortalidade materna, em 2% a 5% ao ano, o fizeram a partir da inserção da enfermeira obstétrica e de obstetrizes na assistência ao parto e nascimento. É impossível construir um sistema de atenção à saúde das mulheres e recém-nascidos que seja seguro, sem enfermeiras obstétricas e obstetrizes (Principais Questões sobre Atuação da Enfermagem Obstétrica na Equipe Multidisciplinar )

O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), por meio da resolução nº 516/ 2016 [RESOLUÇÃO COFEN Nº 516/2016 – ALTERADA PELAS RESOLUÇÕES COFEN NºS 524/2016 E 672/2021 ], normatiza a atuação e a responsabilidade da assistência ao parto normal de baixo risco por profissionais titulares de diplomas ou certificados de Obstetriz ou Enfermeiro Obstetra. Nos países com melhores indicadores em saúde materna e neonatal, o modelo de atendimento alicerça-se no trabalho das enfermeiras obstétricas e obstetrizes.

Ou seja, mulheres e bebês saudáveis podem, sim, receber cuidados de enfermeiras obstetras e obstetrizes com elevadas taxas de segurança e satisfação.

Mundialmente a(o) enfermeira(o) obstetra e obstetriz já são reconhecidas(os) como profissionais essenciais para prestar assistência à parturiente.

Isso porque a desmedicalização no campo obstétrico tem como eixo o cuidado centrado na mulher, com respeito à fisiologia e à autonomia, na perspectiva das boas práticas (conhecimentos estruturados para oferecer outras possibilidades na vivência do parto e nascimento). Os partos de risco habitual, preferencialmente, devem ser assistidos por enfermeiras obstétricas e obstetrizes.

O que faz uma enfermeira obstetra/obstetriz?

A(o) enfermeira (o) obstetra ou obstetriz é a (o) profissional que tem a oportunidade de assistir a mulher desde o pré-natal, iniciando assim uma conexão que é continuada até o pós-parto. A enfermeira obstetra/obstetriz promove segurança, acolhimento e efetividade na atenção, proporcionando maior autonomia da mulher e garantindo-lhe seus direitos. Como exemplo, temos: inclusão da mulher na tomada das decisões, proteção e promoção da gravidez e parto como processos fisiológicos e saudáveis.

A enfermagem é uma profissão que zela e determina relações de auxílio a pacientes, sempre voltada à busca pelo fornecimento de cuidados adequados.

Isso quer dizer que não precisamos de médicas (os) no cenário do parto?

De forma alguma! No Brasil, o modelo vigente ainda é médico-centrado e essa é uma realidade que precisa mudar para um modelo no qual a mulher seja a protagonista do cuidado. Em obstetrícia, deve-se trilhar os caminhos em equipe: tanto médicas(os) obstetras quanto enfermeiras obstétricas e obstetrizes são necessárias.

Bem como afirma Borgonove para o Portal de Boas Práticas da Fiocruz: “Se os médicos são especialistas em patologias e anormalidades, as enfermeiras obstétricas e obstetrizes são especialistas em normalidade. São as diferenças de natureza técnica que caracterizam o trabalho especializado, e que são próprias de cada profissão e necessárias para o trabalho em equipe. A autonomia na enfermagem significa a prática de profissionais que vão utilizar dos seus conhecimentos, habilidades e competências e dessa maneira vão tomar decisões no seu espaço de atuação. Cada profissional responde pela sua atuação.”

Assim, a atuação da enfermagem obstétrica no cenário do parto de risco habitual não exclui o médico da assistência, mas otimiza a assistência do profissional médico para os cenários onde essa assistência especializada se faz realmente necessária. A participação da enfermeira obstetra e obstetriz pode oferecer este equilíbrio entre as intervenções necessárias e o processo fisiológico da parturição, sobretudo para as mulheres que necessitam de um atendimento de maior complexidade, pois são estas que necessitam de maiores cuidados.

Investir na formação da enfermagem obstétrica e na ampliação e criação de mais casas de parto tem potencial para mudar a realidade obstétrica no Brasil, seja no SUS ou no sistema privado, pois há evidências de que onde tem enfermagem obstétrica, há uma maior oferta de boas práticas e menor uso de intervenções no processo fisiológico do nascimento. Portanto, verifica-se a necessidade de as mulheres e seus familiares obterem informações e terem acesso ao cuidado de enfermeiras obstetras/obstetrizes em qualquer ambiente.

Aqui na Luz de Candeeiro, temos enfermeiras obstetras responsáveis pela assistência dos partos que ocorrem no Centro de Parto e que atuam em conjunto com a equipe médica em partos hospitalares. Desde o pré-natal, elas trabalham para garantir uma boa experiência. Ter enfermeiras(os) no pré-natal, parto e pós-parto não é romantismo, é ciência!

Referências bibliográficas:

Silva, Gabriella Barros. Mendonça, Tamires. O papel do enfermeiro obstetra no parto normal humanizado. Revista científica multidisciplinar núcleo do conhecimento. Ano. 06, ed. 09, vol. 01, pp. 05-25. Setembro 2021. ISSN: 2448-0959, link de acesso: 

O papel do enfermeiro obstetra no parto normal humanizado , DOI: 10.32749/

MEDINA, Edymara. MOUTA, Ricardo. CARMO, Cleber. FILHA, Mariza. LEALm Maria. DA GAMA, Silvana. Boas práticas, intervenções e resultados: um estudo comparativo entre uma casa de parto e hospitais do Sistema Único de Saúde da Região Sudeste, Brasil. Rio de Janeiro, 2023.

Borgonove, Kelly.Principais Questões sobre Atuação da Enfermagem Obstétrica na Equipe Multidisciplinar. Acesso: 

Principais Questões sobre Atuação da Enfermagem Obstétrica na Equipe Multidisciplinar

RESOLUÇÃO COFEN Nº 516/2016 – ALTERADA PELAS RESOLUÇÕES COFEN NºS 524/2016 E 672/2021

Sandall J, Soltani H, Gates S, Shennan A, Devane D. Midwife-led continuity models versus other models of care for childbearing women. Cochrane Database of Systematic Reviews 2016, Issue 4. Art. No.: CD004667. DOI: 10.1002/14651858.CD004667.pub5. Acesso: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2018/05/Sandall_et_al-2016-.pdf

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