Sábado passado eu servia de portal para a chegada do Dante a esse mundo, ele me escolheu e eu aceitei, fui morada, portal e agora cuidadora, me colocando a disposição para que sejamos guias e mestres um do outro.
Assim como Dante me escolheu eu escolhi a Casa de parto para ser o meu portal para o mundo da maternagem, escolhi que ali seria o lugar que eu nasceria mãe, seria parida. E parida fui!
Parto cuidadoso, amoroso e extremamente respeitoso, foi assim que cheguei a esse mundo, bem como o Dante.
Nessa imagem eu já estava em um estado de transe que só um trabalho de parto pode proporcionar, sentindo uma dor real e muito intensa e lutando para estar consciente e ouvir as recomendações da Simone e da Iara, um esforço tremendo.
Ali eu ouvia na voz doce e calma da Simone “Layla posso fazer um toque pra saber como está?”, diante da pergunta e só pensava que não tinha mais condições de sentir mais dor e pelo que me lembro dei uma ignonrada no pedido, demorei pra responder, até que ouvi da Iara “Linda vamos tentar fazer o toque pra vê como o bebê está, talvez a gente consiga colocá-lo em uma posição melhor.”
Eu, muito relutante, perguntei como teria que ficar pra fazer o toque e Simone me diz que o melhor seria a banqueta, ao ouvi-la eu tive certeza que naquele momento não teria condições, a dor não deixava, e pedi para que esperassem, “agora eu não consigo, espera um pouco” foi nessa minha fala e nesse esperar pacientemente, mas com todos os cuidados profissionais, que eu tive a certeza de que havia escolhido o melhor lugar para ser parida, para fazer a travessia para a jornada da maternagem, mais do que o local em si, o universo me presenteou com as melhores parteiras que eu poderia ter.
Simone com uma doçura e amorosidade que transbordava e a cada auscuta do coraçãozinho do Dante ela me me acalmava dizendo que estava tudo bem e que ele estava cada vez mais baixo, Iara estava sempre observando todo o movimento com o olhar atento de uma coruja, se abaixou do meu lado e em um momento de profunda conexão me fez abrir os olhos e olha-la profundamente, que força, que presença aquele olhar me trouxe, parecia que olhava nos olhos da ancestralidade encarnada, ali eu soube que pariria… Ela se levantou e pediu para deixar abaixar a toalha onde eu me apoiava, assim o fiz… depois disso, não sei ao certo quanto tempo, em 3 ou 4 movimentos de força eu pari o Dante, e fui parida por ele, pela Simone e pela Iara.
Nesse meu parto redescobri o significado de cuidado e respeito.
Agradeço, do mais profundo da minha alma, a travessia que essa equipe e esse lugar me proporcionou, agradeço, juntamente com as minhas ancestrais e com o meu Dante às minhas parteiras, agradeço à toda equipe da Luz que veio me preparando a cada consulta, a cada questionamento respondido para esse momento tão magnífico, vocês são demais e fazem toda a diferença nesse mundo. Obrigada, um milhão de vezes obrigada.
Que a Luz se expanda e alcance toda a face dessa Terra que é redonda.