A circular cervical de cordão umbilical é bastante comum e vamos explicar a seguir porque você não deve ter medo disso!
O cordão umbilical:
O cordão umbilical conecta o bebê à placenta, ele tem sua origem no abdômen do feto e se conecta com placenta, medindo aproximadamente entre 50 e 70 cm. O cordão tem uma estrutura gelatinosa, maleável e elástica (para conhecer mais veja esse vídeo que mostra o cordão umbilical), que protege os vasos sanguíneos que levam sangue e oxigênio para o bebê.
Por que o cordão fica enrolado?
Por conta do tamanho do cordão e dos movimentos do bebê na barriga, ele pode se enrolar no pescoço, no tronco ou em membros do feto, o que é algo perfeitamente normal e comum! É importante lembrar que, dentro da barriga da mãe, o bebê não respira, recebe oxigênio pelas vias aéreas, não há ar passando pelo pescoço. O bebê recebe oxigênio pelo próprio cordão, então o fato dele estar enrolado no pescoço é similar a estar enrolado em qualquer estrutura do corpo.
Na literatura, a taxa de detecção de circulares de cordão pelo ultrassom varia de acordo com diferentes estudos, demonstrando uma sensibilidade na ultrassonografia com Doppler entre 38-79% dos casos, praticamente a maioria dos bebês, certo?
Circular de cordão é indicação de cesariana?
A possibilidade de se detectar circular de cordão pelo ultrassom no pré-natal tem levado à indicação de muitas cesárias desnecessárias no nosso país. Circular de cordão não é indicação de cesariana por alguns motivos! Um deles é de que a precisão do ultrassom para circular de cordão no momento do parto é baixa: a constante movimentação do feto pode levar a que se façam e desfaçam circulares até o momento do parto. Aproximadamente 25 a 50% das circulares de cordão que são formadas durante a gravidez irão se resolver antes do parto e até 60% dos fetos têm uma circular cervical presente em alguma ocasião durante a gravidez!
Estudos têm demonstrado que uma única circular durante o trabalho de parto não se associa com piora do prognóstico perinatal. Circulares de cordão estão presentes em cerca de 20 a 37% dos bebês ao nascimento!
Assista aqui o vídeo onde a Médica Renata Reis explica de forma clara se a circular do cordão é perigoso
Existe algum risco para o bebê?
Eventualmente, na presença de múltiplas circulares ou de uma circular muito apertada com cordão curto, pode haver maior risco de desaceleração cardíaca fetal. Nesse caso, uma ausculta feita de maneira cuidadosa, como deve ser feita em todos os casos durante o trabalho de parto, pode detectar precocemente alterações nos batimentos cardíacos do bebê – e é a partir de alterações na frequência cardíaca fetal que uma indicação de cesariana pode surgir. Vale ressaltar que a incidência de dupla circular é de 1,7 a 3,8% dos bebês e de 0,2% a 0,3% em três ou mais voltas. Existem manobras para desfazer as circulares de cordão ao nascimento, sem necessariamente cortar o cordão umbilical, permitindo que o bebê receba os benefícios do corte oportuno dessa ligação com sua mãe.
Portanto, repetimos: não existe evidência que suporte a realização de cesariana diante da presença de circulares de cordão no feto.
SOUZA, Alex Sandro Rolland, AMORIM, Melania Maria Ramos, PORTO,Ana Maria Feitosa.Condições frequentemente associadas com cesariana, sem respaldo científico. FEMININA, vol. 38, 2010. Link: http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2010/v38n10/a1708.pdf
The natural history of antenatal nuchal cord, 2003. Link: https:/
NCBI – WWW Error Blocked Diagnostic
**MARCOS, Sergio Ruiz.**Intervenções do EEESMO perante uma circular cervical do cordão umbilical- promoção da adaptação saudável à vida extra-uterina.Relatório de Estágio orientado pela professora Irene Maria Trindade Soares. Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, 2015. Link: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/16452/1/Sergio%20Ruiz%20Marcos.%20Aluno%20Nº%205534%20do%205º%20CMESMO.pdf
