Devo estimular o parto ou aguardar os sinais do bebê?

por | nov 22, 2023 | Gestação, Luz de Candeeiro

A gestação é datada a partir do primeiro dia do último período menstrual, com uma duração média de 280 dias (40 semanas), proporcionando a data provável do parto. Contudo, é crucial compreender que a data provável de parto não é uma linha de chegada obrigatória para o nascimento.

Chegar às 40 semanas não implica que, a partir desse momento, o bebê deva nascer imediatamente. Cada gravidez é única, e o início do trabalho de parto pode variar, sendo possível que esse período de espera se estenda até as 42 semanas.

Posso esperar mais do que 40 semanas?
Sim, caso você esteja em um contexto de gestação saudável, de baixo risco, com um acompanhamento adequado e o desejo de aguardar um trabalho de parto espontâneo, é possível esperar que o bebê emita sinais de que está apto para nascer.

O período do termo varia de 37 a 42 semanas de gestação, e, ao avaliar os riscos e benefícios de cada caso, pode ser saudável aguardar os sinais de prontidão do bebê até 42 semanas. Entretanto, a partir da 41ª semana, é necessário realizar avaliações mas frequentes, com consultas e exames para monitorar de perto a saúde e o bem estar da mulher e do bebê.

Por que é saudável aguardar o tempo de nascimento do bebê?

Em um contexto de gestação de baixo risco, esperar que o bebê esteja pronto para nascer pode ser uma decisão favorável à sua saúde.

O trabalho de parto iniciado espontaneamente pode beneficiar a fisiologia e a progressão do processo, muitas vezes resultando em um parto normal com o mínimo de intervenções. Intervir no trabalho de parto deve ser fundamentado em razões sólidas, que revelam que seus benefícios superem seus potenciais riscos. Portanto, para estimular ou induzir o parto, é crucial ter consciência de todo o contexto, a fim de embasar a tomada de decisão.

Autonomia da mulher na tomada de decisão

No contexto da reta final da gestação, é comum que as mulheres experimentem desconfortos, tais como dores na coluna, dificuldades para dormir, respirar, ansiedade, entre outros. Por essa razão, nossa equipe atua por meio da escuta ativa e empática, proporcionando recursos de manejo desses desconfortos e autonomia de escolha às gestantes.

A condução da gestação prolongada leva em consideração o desejo da mulher, suas decisões e os fatores de risco presentes naquele momento específico da gestação.

Como estão os sentimentos e sensações desta mulher para aguardar o trabalho de parto espontâneo? Aqui na Luz, apresentamos um cenário que considera riscos e benefícios, promovendo uma tomada de decisão compartilhada e alinhada aos desejos da mulher.

Discutir os riscos e benefícios da indução do parto ou de uma cesariana pode ajudar as mulheres a fazerem uma escolha informada, especialmente depois das 41 semanas. A compreensão das mulheres sobre a indução, os procedimentos envolvidos, seus riscos e benefícios, é importante pois pode influenciar suas escolhas.

Sabemos que existem alguns riscos associados a cesarianas sem indicação, como, por exemplo, de problemas respiratórios no bebê. Então busque ler e entender a respeito dos caminhos possíveis, antes de optar por uma cesariana por motivo de uma gestação que passou de 40 semanas. Leia artigo científico a respeito.

Em um contexto de uma mulher que não está confortável com a espera, é possível também adquirir uma postura mais ativa que possa favorecer alguns aspectos que a auxiliem a entrar em trabalho de parto.

Algumas formas de estimular o parto
Estimular o trabalho de parto com métodos naturais não deve ser confundido com a indução! Caso você queira obter uma compreensão mais aprofundada sobre métodos de indução de parto, clique aqui. E mais: mesmo esse recursos mais naturais não devem ser utilizados sem indicação ou sem a real consciência dos fatores envolvidos nesse processo.

Alguns métodos não farmacológicos para estimular o trabalho de parto incluem:

  • Acupuntura: O uso da acupuntura como estímulo para o parto é uma opção segura quando realizado por especialista.
  • Óleo de prímula: Demonstrou eficácia na maturação do colo uterino. Facilitando a maturação do colo do útero, o óleo de prímula pode potencialmente reduzir a necessidade de intervenções.
  • Tâmaras: Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Ciência e Tecnologia da Jordânia, com 114 mulheres, indicou que o consumo dessa fruta é benéfico para gestantes. No estudo, dividiram-se em dois grupos: um incentivado a consumir seis tâmaras por dia nas quatro semanas anteriores à data prevista para o parto, enquanto o outro não consumiu a fruta nesse período. As mulheres do primeiro grupo apresentaram maior índice de dilatação (aproximadamente 3,52 cm) ao darem entrada no hospital em comparação com as do segundo grupo (2,02 cm). Outro dado relevante foi em relação ao uso de medicamentos para indução do parto, que ocorreu em apenas 28% dos casos no grupo que consumiu tâmaras (contra 47% no outro grupo). Embora ainda não haja evidências robustas de eficácia, pode valer a pena tentar.
  • Relações sexuais: Caso a mulher e seu parceiro estejam confortáveis, as relações sexuais podem ser benéficas para estimular o trabalho de parto por alguns motivos. A prostaglandina encontrada no sêmen pode auxiliar no amadurecimento do colo do útero. Além disso, os orgasmos favorecem as contrações uterinas e, consequentemente, a dilatação. Por fim, a sensação de relaxamento pós-orgasmo libera ocitocina, o que pode contribuir para o início do trabalho de parto.
  • Caminhadas: A caminhada ajuda o bebê a descer em direção à pélvis, e a pressão exercida sobre o útero pode aumentar a produção de ocitocina, responsável pelas contrações uterinas.

Para a utilização desses métodos de estimular o trabalho de parto, é prudente que as gestantes discutam com a equipe que as acompanha sobre a inclusão destes no final da gestação. O mais importante é sempre optar por métodos seguros e eficazes para assegurar o bem-estar da mãe e do bebê.

Cada gestação é única, e o que funciona para uma mulher pode não ser eficaz para outra. Portanto, é fundamental consultar um profissional de saúde para tomar a decisão mais adequada para você. A orientação personalizada de profissionais qualificadas/os contribui para garantir que as escolhas adotadas estejam alinhadas com as necessidades específicas de cada gestante e proporcionem uma ambiência segura para o parto.

Referências Bibliográficas

Nuguelis Razali, Siti Hayati Mohd Nahwari, Sofiah Sulaiman & Jamiyah Hassan (2017) Date fruit consumption at term: Effect on length of gestation, labour and delivery, Journal of Obstetrics and Gynaecology, 37:5, 595-600, DOI: 10.1080/01443615.2017.1283304

MONTENEGRO, C. A.B.; REZENDE FILHO, J. Idade da Gestação e Data provável do Parto. Rezende Filho J, Rezende Obstetrícia, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 13a ed., 2017.

Mascarello KC, Horta BL, Silveira MF. Complicações maternas e cesárea sem indicação: revisão sistemática e meta-análise. Rev Saude Publica. 2017;51:105. Link: https://www.scielo.br/j/rsp/a/3VgZrTGB4D7xzgBwKrPVRRN/?format=pdf&lang=pt

Hemmatzadeh ,Mohammad Alizadeh Charandabi. Evening primrose oil for cervical ripening in term pregnancies: a systematic review and meta-analysis. Link:

Evening primrose oil for cervical ripening in term pregnancies: a systematic review and meta-analysis

Indução do trabalho de parto em mulheres com gestação normal com 37 semanas ou mais

Indução do Trabalho de Parto e Indicações de Cesárea

WhatsApp

Eu gostaria de conhecer a luz!

(61) 9557-0866